Nos últimos dias, os Estados Unidos testemunharam uma onda significativa de demissões no setor público federal. Sob a liderança do presidente Donald Trump e do empresário Elon Musk, que chefia o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), quase 10 mil servidores federais foram dispensados em uma única semana. Essa ação faz parte de uma iniciativa mais ampla destinada a reduzir a burocracia governamental e cortar gastos públicos.
O presidente Trump argumenta que o governo federal está excessivamente inchado, resultando em desperdícios financeiros e fraudes. Com uma dívida pública que atinge aproximadamente US$ 36 trilhões e um déficit anual de US$ 1,8 trilhão, há um consenso bipartidário sobre a necessidade de reformas estruturais. Nesse contexto, a colaboração entre Trump e Musk visa implementar medidas drásticas para enxugar a máquina pública e otimizar os recursos disponíveis.
As demissões recentes afetaram uma variedade de agências e departamentos federais. Entre os órgãos impactados estão a Agência de Desenvolvimento Internacional (USAID), o Escritório de Proteção Financeira ao Consumidor (CFPB), a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e até mesmo setores do Departamento de Justiça e do FBI. Notavelmente, pelo menos 33 autoridades envolvidas nas investigações sobre a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 foram dispensadas. Essas ações refletem a determinação da administração em reestruturar áreas que considera excessivamente burocráticas ou desalinhadas com suas prioridades políticas.
Para facilitar a redução do quadro de funcionários, o governo Trump lançou um programa de demissão voluntária abrangente. Em comunicado oficial, foi oferecido a mais de 2 milhões de funcionários federais a opção de se desligarem voluntariamente, com a garantia de pagamento dos salários até o final de setembro de 2025. Elon Musk, à frente do DOGE, estimou que até 10% dos servidores poderiam aderir a essa proposta. No entanto, até o momento, aproximadamente 40 mil funcionários aceitaram a oferta, representando cerca de 2% da força de trabalho federal. Embora esse número esteja aquém das expectativas iniciais, a administração continua empenhada em alcançar suas metas de redução de pessoal.
Além das demissões voluntárias, o presidente Trump assinou um decreto executivo que estabelece novas diretrizes para contratações no serviço público. De acordo com o decreto, para cada quatro servidores demitidos, as agências federais poderão contratar apenas um novo funcionário. Essa medida visa não apenas reduzir o número total de funcionários, mas também garantir que as novas contratações estejam alinhadas com as prioridades estratégicas do governo. É importante notar que essa regra não se aplica a órgãos relacionados à segurança pública, imigração ou às Forças Armadas, que foram excluídos do plano de demissões.
A criação do Departamento de Eficiência Governamental, liderado por Elon Musk, tem sido central nessa iniciativa de reestruturação. O DOGE foi estabelecido com o objetivo de identificar e eliminar desperdícios, fraudes e abusos dentro da administração federal. Musk, conhecido por sua abordagem inovadora e disruptiva no setor privado, tem aplicado métodos semelhantes na esfera pública, buscando otimizar processos e reduzir custos. No entanto, sua atuação tem gerado controvérsias, especialmente devido ao acesso a informações sensíveis e à implementação de medidas sem ampla consulta interna.
A colaboração entre Trump e Musk não se limita às demissões. Recentemente, o presidente assinou uma ordem executiva que corta o financiamento federal para escolas e universidades que mantêm mandatos de vacinação contra a Covid-19. Além disso, foi estabelecido o “Conselho de Dominância Energética”, refletindo a ênfase da administração em políticas energéticas assertivas. Essas ações indicam uma agenda governamental focada em reformas abrangentes, que abrangem desde a saúde pública até a política energética.
Entretanto, as medidas adotadas têm enfrentado resistência significativa. Sindicatos representando cerca de 800 mil servidores federais entraram com ações judiciais, argumentando que o programa de demissão voluntária constitui um “ultimato arbitrário e ilegal” que ameaça o funcionamento adequado do governo. Em resposta a essas ações, a Justiça dos Estados Unidos suspendeu temporariamente o programa, adicionando uma camada de complexidade aos esforços de reestruturação da administração.
Além das batalhas legais, há preocupações internas dentro da própria Casa Branca. Relatos indicam que altos funcionários, incluindo a chefe de gabinete Susie Wiles, expressaram frustração com as táticas de Musk e a falta de comunicação em relação às decisões do DOGE. A implementação de medidas significativas sem consulta prévia tem gerado tensões e debates sobre a transparência e a coordenação dentro do governo.
Em meio a essas controvérsias, o Departamento do Tesouro iniciou uma auditoria para examinar o acesso da equipe do DOGE aos sistemas de pagamento do governo federal. Essa ação foi motivada por preocupações de legisladores democratas sobre possíveis riscos de segurança e a necessidade de garantir a integridade dos sistemas financeiros do governo. A auditoria busca esclarecer o nível de acesso concedido e avaliar possíveis implicações para a segurança nacional.
Em resumo, as recentes demissões de quase 10 mil servidores federais refletem uma estratégia agressiva da administração Trump, em parceria com Elon Musk, para reestruturar o governo federal dos Estados Unidos. Embora essas ações sejam justificadas como necessárias para reduzir desperdícios e otimizar recursos, elas têm gerado debates acalorados, resistência legal e preocupações sobre a transparência e a eficácia das medidas implementadas. O desenrolar desses eventos continuará a moldar o cenário político e administrativo do país nos