Em 25 de abril de 2025, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, uma das figuras mais conhecidas da política brasileira, foi preso no aeroporto de Maceió, Alagoas, em uma operação conduzida pela Polícia Federal (PF). A detenção, ordenada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ocorreu às 4h da manhã, enquanto Collor se preparava para embarcar para Brasília. Sem oferecer resistência, o ex-presidente foi levado à Superintendência da PF em Maceió, marcando um novo capítulo em sua trajetória, que já inclui um impeachment em 1992 e uma condenação em 2023 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
Collor, que governou o Brasil entre 1990 e 1992 como o primeiro presidente eleito por voto direto após a redemocratização, foi condenado a oito anos e dez meses de prisão por seu envolvimento em um esquema de propinas na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que, entre 2010 e 2014, Collor recebeu cerca de R$ 20 milhões para facilitar contratos da UTC Engenharia, utilizando sua influência como senador para indicar diretores na estatal. As provas, que incluem delações premiadas do doleiro Alberto Youssef e registros bancários, foram consideradas sólidas pelo STF, que rejeitou os recursos da defesa por maioria de seis votos a quatro.
A prisão no aeroporto pegou a defesa de Collor de surpresa. Segundo o advogado Marcelo Bessa, o ex-presidente planejava se apresentar voluntariamente em Brasília, e a ação da PF foi vista como desnecessária. A defesa também questiona a validade da condenação, alegando que o crime de corrupção passiva estaria prescrito e que as delações premiadas, peça central da acusação, carecem de corroborção suficiente. Apesar disso, o STF manteve a pena, e Collor agora aguarda decisão sobre sua transferência para Brasília, onde deverá cumprir o regime fechado. A sessão virtual do STF, marcada para o mesmo dia, analisará a manutenção da prisão, um momento crucial para o desfecho do caso.
O caso de Collor tem implicações que vão além do âmbito pessoal. Como o segundo ex-presidente preso por condenação penal desde a redemocratização – após Luiz Inácio Lula da Silva, cuja pena foi anulada – sua detenção é um marco na luta contra a corrupção. A Operação Lava Jato, que revelou esquemas envolvendo políticos e empresas estatais, continua a gerar consequências, mesmo anos após seu auge. No entanto, a prisão também reacende críticas sobre a condução de processos judiciais no Brasil, com debates sobre a imparcialidade do STF e o peso das delações premiadas em condenações.
Politicamente, a prisão de Collor reforça a narrativa de que figuras poderosas não estão imunes à lei, mas também expõe as tensões em um país polarizado. O ex-presidente, que já foi símbolo de renovação e depois de escândalos, agora enfrenta as consequências de suas ações em um contexto em que a confiança nas instituições é constantemente testada. A decisão do STF sobre o caso será observada de perto, não apenas por seu impacto sobre Collor, mas também pelo que representa para o futuro do combate à corrupção no Brasil.
Conclusão
A prisão de Fernando Collor em Maceió é um evento carregado de simbolismo, refletindo os avanços e os desafios do sistema judicial brasileiro. Detido sem resistência, o ex-presidente agora depende de decisões do STF que definirão seu futuro e o alcance da justiça no país. O caso, ligado à Operação Lava Jato, reforça a mensagem de que ninguém está acima da lei, mas também alimenta reflexões sobre a equidade e a celeridade do Judiciário, em um momento crucial para a política nacional.