Combater a crise climática é mais do que uma necessidade ambiental; é uma imperativa econômica. Um novo e revelador relatório, fruto da colaboração entre a Universidade de Cambridge e o Boston Consulting Group (BCG), aponta que os custos globais para enfrentar as mudanças climáticas representam uma fração mínima das perdas econômicas catastróficas que seriam inevitáveis caso nenhuma ação seja tomada. Em termos práticos, investir cerca de 2% do PIB mundial pode evitar uma redução devastadora de até 27% na economia global.
Essa disparidade entre o investimento necessário e os potenciais prejuízos sublinha a urgência e a viabilidade econômica de políticas climáticas robustas. A pesquisa serve como um alerta contundente para governos, empresas e sociedades, reforçando que a inação é, de longe, a opção mais custosa.
O Cálculo da Inação: Um Preço Insuportável para a Economia Global
O estudo da Universidade de Cambridge e do BCG detalha como a ausência de medidas eficazes para mitigar as mudanças climáticas pode desencadear uma série de eventos com consequências econômicas severas. O aumento da frequência e intensidade de eventos extremos, como secas prolongadas, inundações devastadoras, ondas de calor recordes e tempestades violentas, já gera bilhões em perdas anuais. Esses desastres afetam a agricultura, a infraestrutura, a saúde pública e a produtividade do trabalho.
Além dos eventos extremos, o aumento gradual das temperaturas e do nível do mar ameaça cidades costeiras, cadeias de suprimentos e ecossistemas dos quais dependem inúmeras indústrias. A perda de biodiversidade e a degradação dos solos comprometem a segurança alimentar e a resiliência dos sistemas naturais. Somadas, essas perdas acumuladas ao longo das décadas poderiam, segundo o relatório, chegar a um espantoso declínio de 27% no PIB global, um cenário de recessão sem precedentes que afetaria todas as nações e setores econômicos.
Investimento Estratégico: Onde Aplicar os 2% para Máximo Impacto
Os 2% do PIB global que o relatório sugere como investimento necessário não são um custo, mas uma aplicação estratégica. Esse montante seria direcionado para diversas frentes de ação climática. Primeiramente, para a transição energética: substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis como solar, eólica e hidrelétrica. Isso exige investimentos em novas infraestruturas de geração e transmissão de energia, bem como em tecnologias de armazenamento.
Em segundo lugar, a pesquisa aponta para a necessidade de investir em tecnologias de captura de carbono e em práticas de sustentabilidade na agricultura e na indústria, que visem reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A eficiência energética em edifícios e transportes também é crucial, demandando modernização de frotas e construção de sistemas de transporte público mais sustentáveis. Por fim, uma parcela significativa do investimento seria destinada à adaptação: desenvolver infraestruturas mais resilientes a eventos climáticos extremos, sistemas de alerta precoce e proteção de ecossistemas costeiros. Essas ações, embora exijam capital inicial, geram retornos significativos ao evitar desastres e ao criar novas indústrias e empregos verdes.
Benefícios Além da Prevenção de Perdas: O Retorno do Investimento Climático
O retorno do investimento em ações climáticas vai muito além da simples prevenção de perdas econômicas. A transição para uma economia de baixo carbono impulsiona a inovação, cria novos mercados e gera milhões de empregos em setores como energia renovável, tecnologia verde e construção sustentável. A melhoria da qualidade do ar e da água, decorrente da redução da poluição, tem impactos positivos diretos na saúde pública, diminuindo custos com doenças respiratórias e outras enfermidades.
Além disso, a resiliência climática fortalece as comunidades, protege os meios de subsistência e reduz a migração forçada causada por desastres ambientais. A cooperação internacional em torno de metas climáticas também pode promover a estabilidade geopolítica e a diplomacia. Em suma, o investimento sugerido pelo relatório não é apenas uma despesa, mas uma oportunidade estratégica para construir um futuro mais próspero, saudável e seguro para todos, demonstrando que a ação climática é uma alavanca para o desenvolvimento sustentável.
O estudo da Universidade de Cambridge e do Boston Consulting Group é um divisor de águas, ao traduzir os riscos da crise climática em termos econômicos tangíveis. A mensagem é clara: a escolha não é entre gastar ou não gastar, mas entre um investimento preventivo e gerenciável de 2% do PIB, que garante um futuro mais estável, ou uma inação custosa que pode erodir mais de um quarto da riqueza global. A decisão é, em essência, um cálculo de sobrevivência econômica.
Com informações da CNN Brasil